POMPEIA ITÁLIA

Pompeia Itália: uma visita muito impressionante!

O filme Pompéia reacendeu o interesse em uma das maiores tragédias da História. (Recuso o absurdo acordo ortográfico, por isso escrevo “Pompéia”.) Para turistas com a Itália como destino, Pompéia — arrasada pelo famoso vulcão Vesúvio no ano 79 d.C. — agora é item quase indispensável no roteiro.

Como é uma visita por lá? Vale a pena? É impressionante demais ver as ruínas da cidade e os corpos “petrificados”? Quais as dicas para turistas? Pessoas mais sensíveis devem ir? Como foi a erupção? Foi mesmo TÃO violenta?

Eu estive em Pompéia. Façamos uma visita virtual ao lugar, com dezenas de fotos e com dicas de turismo para você aproveitar melhor o passeio. Respire fundo e venha comigo!

(NOTA — Dizemos, popularmente, “corpos petrificados”, mas a explicação correta não é essa. Deixarei o texto mais claro quanto a esse detalhe.)

O PACOTE TURÍSTICO & COMO CHEGAR LÁ

Para chegar a Pompéia, você estará em uma destas três alternativas:

→ Vai por pacote turístico padrão? Raramente vejo pacotes que incluem visita a Pompéia. O turista, lá mesmo na Itália, pode comprar à parte um pacote com esse destino. Para isso, ele usa um dia livre na excursão ou troca um passeio pelo pacote a Pompéia. O próprio guia local costuma oferecer essa opção. Mas converse, antes da viagem, com o seu agente de turismo. Veja a possibilidade de já deixar programado esse passeio. Se comprar avulso na Itália, você pagará mais caro. Eu, nessa viagem, estava com um grupo (exceção, pois costumo ser viajante independente). Durante uma visita ao Vaticano, a guia me abordou e ofereceu o pacote extra de um dia em Pompéia. Para 3 pessoas, paguei 550 euros. Incluía transporte (rápida viagem até lá, de ônibus), ingresso de acesso às ruínas e guia local para conhecer o lugar.

→ Vai por conta própria, independente? Vale o que eu disse acima. Você pode procurar um pacote avulso na Itália — pacotes de um dia, com grupos pequenos. Pacotes assim são facilmente encontrados em propagandas em recepção de hotel. São uma boa opção a quem não quer se preocupar em pegar estrada, acertar caminho até Pompéia, consultar mapa ou GPS, verificar horário de trem, etc. O ônibus do pequeno grupo segue o caminho certo e, na cidade, os turistas vão direto para as ruínas, com ticket e guia local já garantidos.

→ Outra opção para o turista independente é aventurar-se pelo caminho até Pompéia. É uma viagem marcante. Escolha:

♦ A opção mais tradicional é por trem da linha Circumvesuviana, a partir de Nápoles. A última notícia de preço que tenho é de míseros €2,30 (a Europa e seus preços justos… né, Brasil?!). A viagem dura cerca de 30 minutos.

♦ De Nápoles, você pode seguir de carro pela A3. Pegue instruções exatas na cidade (há mapas). São aproximadamente 23 quilômetros.

♦ A quem prefere ônibus: a SITA opera a partir de Nápoles, com cerca de 40 minutos de viagem. Até onde sei, também cobra €2,30. A CSTP tem linhas a partir de Salerno. É comum a procura a partir de Roma; uma opção é a MAROZZI. Informe-se em seu hotel.

√ Como, neste caso, você está por conta própria, com a possibilidade de administrar seu tempo como quiser, recomendo pelo menos 3 horas reservadas para explorar as ruínas.

√ O último preço que vi para acesso às ruínas era €10.

√ Se passar por Nápoles, não deixe de conhecer o Museo Archeologico Nazionale, com boa parte dos tesouros históricos encontrados em Pompéia.

√ Informações que obtive sobre horários de visita (confirme) — O horário máximo para acesso às ruínas é às 6h da tarde, de abril a outubro, e às 3h30 da tarde, de novembro a março. Não se preocupe, você não verá a cidade à noite se chegar às 6h durante aquele primeiro período: é a época em que demora para escurecer na Itália. Ainda temos boa claridade natural às 9h da noite, por exemplo.

√ Uma boa idéia é conhecer também a moderna Pompéia, bem perto das ruínas. Lá, o principal ponto turístico é o Santuario della Madonna del Rosario, no centro. Em 1876, uma garota teria se curado de epilepsia após rezar em frente da pintura da Virgem do Rosário, acima do altar principal. A notícia se espalhou, atraindo multidões ao local.

√ Pompéia fica perto de Capri e de Nápoles. Uma boa idéia, portanto, é concentrar seus passeios por essas áreas. Não deixe de conhecer Capri, especialmente! Há um post especial sobre Capri aqui no blog (clique depois aqui para ver).

VALE A PENA A VISITA?

E QUANTO A PESSOAS MAIS SENSÍVEIS?

É claro que vale a pena visitar Pompéia! Aliás, é um ponto turístico muito popular na Itália: cheio de gente todos os dias.

O interesse se multiplica para aqueles que, como eu, são apaixonados por História. No mínimo, para você, será uma experiência curiosa. Desde a escola ouvimos falar do Vesúvio, da tragédia, dos assustadores corpos “petrificados” que lá estão até hoje. De repente… vemos tudo isso pessoalmente. Uma aula de História!

SIM, É SINISTRO. Muito. Pessoas mais sensíveis devem se preparar psicologicamente. Ruínas? Vê-las não é nada demais aos sensíveis — há ruínas em inúmeros lugares turísticos do planeta. O problema está mesmo nos CORPOS. Lembre-se das crianças: converse com elas, prepare-as para a visita.

GUIAS TURÍSTICOS LOCAIS

Mesmo se você for por excursão, portanto já com um guia determinado, um guia local em Pompéia deverá assumir o grupo.

Má notícia: até hoje eu só tenho notícias de guias ruins por lá. O meu, aliás, foi péssimo! Afobado, corria o tempo todo, despejava as palavras (em espanhol), deixava pessoas para trás. Idosos e pessoas com certa dificuldade para andar sempre ficavam em desvantagem; pessoas que gostavam de fotografar (eu!), também. Eu me irritei e fui falar com o guia. Ele devia respeitar todos. Estávamos a passeio e queríamos desfrutar tudo. Quem trabalha com turismo precisa ter paciência, disposição e bom-humor. As ruínas têm chão irregular o tempo todo, o que dificulta o andar. Disse tudo isso… e foi o mesmo que falar com uma pedra!

Recomendo que você leia sobre o lugar antes da viagem. Guias turísticos (livros) são um ponto de partida. Sabendo mais, você dependerá menos do guia local para entender o lugar, por isso desfrutará mais o ambiente e ficará mais à vontade para fotografar.

De qualquer maneira, no local eles fornecem guias tradicionais em papel, com informações e mapas. Se você for um turista independente, aproveite isso e ande à vontade pelas ruínas, seguindo dicas e rotas.

ITENS INDISPENSÁVEIS

Atenção:

Seus pés agradecerão se você for de tênis. É uma longa caminhada e o chão é IRREGULAR. (Ou seja: com tristeza, digo que não é um passeio adequado a quem sofre de qualquer tipo de dificuldade de locomoção. No caso de cadeira de rodas, esqueça.)
Leve óculos de sol.
Se for uma época fria, vá muito bem agasalhado. A área é aberta e alta.
Na área mostrada nas fotos acima, dá para ver algumas barracas. Aproveite o momento para banheiro e para tomar água. Aliás, vá para as ruínas com pelo menos uma garrafinha de água.

ENFIM, AS RUÍNAS…

Pompeia Itália e a destruição pelo vulcão Vesúvio
A área destacada é a região CAMPANIA. As setas mostram lugares citados neste post.

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A terrível erupção do Vesúvio aconteceu, como eu já disse, no ano 79 d.C. A vizinha Herculano e outras duas cidades também foram afetadas, mas Pompéia sofreu efeitos mais diretos. Um grande choque!

Pompéia era próspera, pacífica e organizada, com notável cultura. Sua força estava no comércio.

A verdadeira origem da cidade é incerta. Especula-se a sua fundação no século VII a.C. Nos 700 anos seguintes, passou pelas mãos dos antigos gregos, até tornar-se colônia romana em 80 a.C. (Não confunda: aqui, antes de Cristo. A erupção foi em 79 depois de Cristo.)

Pompéia parecia mesmo destinada a desaparecer. A erupção é história conhecida por todos, mas poucos sabem que, apenas alguns anos antes, em 63 d.C., ela foi devastada por um terremoto. Reconstruída rapidamente, voltou a um estilo glorioso, mas por pouco tempo. No entanto, a segunda tragédia não surpreende muito: a cidade foi construída em lava pré-histórica do próprio Vesúvio. Já havia histórico de grandes erupções por ali.

A seguir, em meio a fotos, contarei um pouco da erupção e do que se vê pelas ruínas.

A erupção do Vesúvio em Pompéia foi extremamente violenta. Plínio, o Moço, um sobrevivente, relatou a tragédia ao historiador Tácito. O relato era tão extraordinário que durante muito tempo ele foi desacreditado — a história seria um exagero. Séculos depois, pesquisadores estudaram a erupção e concluíram que o relato era real. Em reconhecimento a Plínio, o Moço, erupções extremamente violentas passaram a ser chamadas também de erupções plinianas.

Era uma hora da tarde quando a tragédia começou. Primeiro, o estrondo, a enorme fumaça no horizonte. A população estranhou… e demorou para perceber a gravidade da ameaça, porque, inicialmente, não foi um caso clássico de lava descendo de forma assustadora.

Nas horas seguintes, o quadro era infernal: a densa fumaça deixou a cidade na escuridão. Cinzas se acumulavam em todos os cantos. Gases venenosos se espalhavam pela atmosfera. Pedras-pomes eram cuspidas pelo vulcão e voavam longe, acertando pessoas e casas. O grande assassino foi a combinação de cinzas e gases venenosos (muito quentes, para piorar), e não lava, como a maioria pensa. Desmoronamentos também causaram vítimas.

Devido às cinzas e à chuva de pedras, muitas pessoas tentaram se proteger dentro de casa. Grande erro. Pedras e cinzas quentes se acumularam nas ruas e acabaram emperrando portas e janelas. Telhados mais frágeis desabaram devido ao peso das pedras. Cinzas e gases venenosos, muito quentes, penetraram nas casas e sufocaram as pessoas, além de queimarem pele, roupas, olhos e o aparelho respiratório.

A cidade chegou a ter 9 metros de altura de cinzas e outros dejetos. Corpos, envolvidos pelas cinzas, ficaram como estátuas, em alguns casos dando um perfeito formato às roupas e até às expressões de horror das vítimas — algumas com braços retraídos em defesa, num claro gesto de desespero.

Poucas horas depois, 16 mil pessoas haviam morrido — cerca de 80% da população. (Há números controversos sobre isso.)

A cidade permaneceu sepultada durante 1500 anos. Em 1594, o arquiteto Domenico Fontana descobriu por acaso as ruínas enquanto construía um canal. Na época, as pessoas não souberam dar real valor à descoberta; a exploração só começou em definitivo em 1748. A grande maioria da cidade já foi desenterrada, mas ainda há mais por vir.

Dizem que as escavações iniciais não foram muito cuidadosas, por isso prejudicaram mais um pouco o que restara da cidade. Há registros de destruição decorrentes também de ataques durante a II Guerra Mundial.

Estamos perto de ver o primeiro corpo. Passamos antes por uma das termas de Pompéia, com salas para banhos frios, mornos e quentes. Os romanos inventaram um sistema de aquecimento pela água das termas e por aquecimento ambiental através do subsolo (muito inteligente para o período!). Veja essa área nas fotos a seguir.

Os banhos quentes não eram os únicos prazeres. Há inúmeros (e cômicos!) sinais de prostituição.

Prostíbulos eram famosos e muito frequentados. Existe até um pênis desenhado em alto-relevo em uma pedra de rua, voltado para a direção de um prostíbulo. Era uma indicação a pessoas de fora da cidade (“siga nesta direção!”).

Agora, alguns corpos. Nem todos estão lá. Alguns vão para museus, estudos, universidades, exposições.

As fotos a seguir são impressionantes. Observe a riqueza de detalhes — expressões no rosto e dobras na roupa!

Até alguns anos atrás, víamos corpos sem proteção nenhuma. Muitos turistas tocavam com as mãos, por isso os organizadores do lugar adotaram caixas de vidro como proteção.

Achou uma brincadeira exagerada o comentário na foto acima? Pois saiba que o Vesúvio não é um vulcão extinto. Ele apenas está adormecido! Pode voltar à ativa, por isso é monitorado.

Para evitar outra tragédia, o governo italiano implantou um plano de incentivo para ajudar locais a se mudarem (são 26 mil habitantes). O problema é que muitos resistem (e denunciam que o valor oferecido pelo governo não é o bastante para uma mudança digna), correndo o risco de viverem um espetáculo de horror como o de quase 2000 anos atrás.

A visita pode ir além: até a cratera do vulcão. Há um LONGO E CANSATIVO caminho até lá, a pé. Vai encarar?

Que tal uma dose extra de curiosidade sobre o Vesúvio? Vamos para o Google Mapas:

As ruínas de Pompéia vistas pelo Google Mapas. A seta amarela mais à direita indica o famoso ANFITEATRO, o mais antigo anfiteatro romano. (Bela dica para a sua visita a Pompéia!) Foi construído em 70 a.C. e tinha capacidade para 20.000 pessoas.

Outra figura bem interessante extraída do Google Mapas. A seta amarela mostra a antiga Pompéia; a seta vermelha, o vilão da história. Cidade e vulcão estão a 9 km de distância.

NOTAS:

• De vez em quando, o canal National Geographic exibe um ótimo documentário chamado Pompéia. Eles explicam muito bem todos os fatos, inclusive com dramatizações. Um dos destaques é Plínio, o Moço. Fique de olho no canal.

• Está em preparo uma superprodução americana para uma minissérie de TV sobre Pompéia. O projeto, antes nas mãos do cineasta Roman Polanski, deve ir para o diretor Ridley Scott (de Alien, Gladiador). A produção será baseada em um famoso romance de Robert Harris.