PARIS EM JULHO

Acabo de voltar de Paris. Já visitei essa fantástica cidade (a mais bonita do mundo, aliás) várias vezes, mas agora houve uma desvantagem: aconteceu em julho, alta temporada.

Há muito tumulto. Para piorar, é um mês de altas temperaturas (passei um calor de Egito). Para piorar mais ainda, os preços, naturalmente altos na cidade, vão para as nuvens.

Eu me decepcionei muito com a falta de estrutura que a França oferece nessa época. Por respeito aos milhares de turistas, e até por agradecimento pelo prestígio da visita, a estrutura em alguns pontos deveria ser melhor. Falamos, afinal, do país que mais recebe turistas em todo o mundo (veja depois aqui). Se é campeão no turismo, tem que oferecer mais.

Sem pensar duas vezes, recomendo: evite Paris em julho.

Alguns problemas que me incomodaram:

ALÔ, SÉCULO 21
Houve dificuldades nas compras de ingressos pela internet para visitar alguns pontos muito populares, como Louvre e Torre Eiffel. E lá fomos nós para as filas…

Quando viajo para a Holanda e para a Inglaterra, por exemplo, compro pela internet, facilmente, os tickets de alguns lugares que desejo visitar.

LOUVRE
A visita ao Louvre foi traumática, tão forte era o calor lá dentro. Muito calor em Paris, dezenas de milhares de pessoas no museu ao mesmo tempo… e onde estava o sistema de ventilação eficiente? Minha pressão sanguínea baixou. Passei mal. Com isso, não foi possível visitar com calma as alas. Não era a minha primeira visita ao museu, e eu queria, justamente, voltar o foco a partes não vistas antes. Impossível.

Como a visita é longa, eu parei um pouco para comer um lanche lá dentro. Calor, calor — eu me sentia uma carne em churrasqueira.

Depois de comer, eu queria lavar as mãos. Há poucos banheiros. As filas estavam enormes, e ainda era necessário pagar 0,80€ para entrar. Eu só queria lavar as mãos. Só isso. Mas paguei os 80 cêntimos. E calor, calor, calor. Para piorar, o banheiro fedia.

Cada pessoa paga 10€ para entrar no Louvre. Mais os 0,80€ a cada ida ao banheiro. Imagine a arrecadação anual. Há uma BOA verba para um sistema de ventilação, podem apostar.

Pensemos também no inverno. Não há aquele calor infernal lá dentro, mas certamente há o ar viciado, devido aos milhares de pessoas a respirarem ao mesmo tempo. Isso faz muito mal quando não há sistema adequado de ventilação!

TORRE EIFFEL
Um dos elevadores quebrado, poucos balcões de vendas de ingressos: eis o cenário para subir na torre. Sabe-se que há um boom de turistas em julho, mas ninguém pensa em colocar mais balcões de venda — de preferência, de autoatendimento, com emissão eletrônica… ou pela Internet, puxa vida! Eu teria comprado o bilhete em casa, antes da viagem.

O tempo médio de espera, no dia de minha visita, era de 5 horas. Sim, eu disse 5 HORAS. Desisti. Eu já havia subido na torre. Não me sujeitei a isso naquele dia. Mas e o turista de primeira viagem?

Detalhe: toda essa espera… debaixo de um sol de derreter asfalto.

Demora para subir na Torre Eiffel.
Parte do caos na área da Torre Eiffel.

PREÇOS
Há uma boa exploração por ser alta temporada. Algumas vezes, os preços escapam ao bom-senso.

Achei quase tudo mais caro agora em Paris, em comparação com outros países europeus. Em restaurantes, principalmente.

Todo mundo visita a Champs-Élisées, que é cheia de restaurantes — mais caros justamente por estarem naquele ponto nobre. OK, eu entrei em restaurantes de nome, já era esperado gastar mais, mas houve exageros espantosos. Cheguei a pagar 11€ por uma Coca-Cola e quase 5€ por um café depois do jantar.

Eu achei caro, e olha que moro em Portugal, por isso tenho a vida já em euros. Turistas brasileiros — que perdem muito dinheiro ao converter real em euro — ficam em apuros!

TÁXI
Estava MUITO difícil conseguir táxi. Às vezes, uma luta. A oferta precisa aumentar urgente.

A maioria dos taxistas não se comunicava nem um pouco em inglês. Alguns se esforçavam, mantendo uma comunicação sem idéias completas.

O pior: quase nenhum taxista tinha noção de aonde ir quando eu mostrava o endereço. Em qualquer país, taxistas costumam conhecer bem toda a cidade. Em Paris, eles, desorientados, apelaram para mapas em papel e para GPS. Só o que faltou foi eu ensinar a eles como chegar à Torre Eiffel.

AEROPORTO DE BEAUVAIS
Seu roteiro turístico inclui passagem pelo Aeroporto de Beauvais, perto de Paris? Oh, tenho muita pena de você! Leia depois um outro artigo publicado aqui no blog.

O aeroporto é horrível em qualquer altura do ano, mas certamente transforma-se em um inferno no verão.

SEDE
Com todo esse calor, esse sofrimento, eu desejava, do fundo da minha alma, algo gelado para beber. Podia ser qualquer coisa! Mas, do lugar mais simples ao mais sofisticado, o francês só serve bebida em temperatura ambiente. Não adianta procurar. Isso é cultural.

Quando voltei para casa, uma das primeiras coisas que fiz foi atacar a geladeira para beber um montão de água bem gelada!

A França é um país fantástico, e eu certamente voltarei muitas vezes… mas não em JULHO.